"O Sol ergue-se novamente na minha tão amaldiçoada ilha. Apenas mais um dia , desde que me abandonou a minha sorte em conjunção com a minha tripulação. A minha intuição, contradizendo fortemente as minhas pernas, levou-me até à linha da costa por pleno capricho. Obra de capricho ou alucinação, lá estavam eles. Homens e mulheres de pequeno porte, com um sentimento claro de desorientação no rosto. Figuras do que outrora fora eu, ali , nas mesmas margens do vasto Oceano de nenhures. A partir desse dia fatídico, apelidei-os carinhosamente de "miseráveis". Miseráveis de fado e miseráveis de espírito nesse mesmo momento.
Doravante, estes miseráveis optaram por seguir as minhas pisadas. E as minhas pisadas seguiram através de um caminho encriptado com sinais - obra do Lua Cheia, caso me perdesse novamente. O caminho guiou-nos cuidadosamente através de rios, valas e até comida, para nos entregar ao seio do Lar. A necessidade obrigou-me a introduzir os novatos ao natural funcionamento da ilha e perigos inatos, não antes de ser interrompido por não outra que a própria necessidade, chamando por mim.
Ao abandonar a tenda, deparei com vultos a esgueirarem-se pelas sombras vespertinas. No chão jazia Lua-Cheia, gritando e esperneando sublimemente, como só um índio nativo pode.
"Onde está ele? " Reconheci imediatamente a dona de tal voz, a Fantasma - por falta de melhor nome. Girei sobre os calcanhares para encontrar a dita - ou o que resta da sua etérea essência - a questionar os MEUS miseráveis. Indaguei-a imediatamente sobre a razão da sua presença, esperando ingenuamente uma resposta diferente das últimas mil, seiscentas e seis vezes. Resposta essa que se mostrou de teor semelhante ao costume, mais vírgula menos vírgula : "Estou em busca do meu noivo, o qual perdi há demasiado tempo , blah blah blah." Optei por novamente ignorar a dita, ao que ela respondeu interpelando os mencionados miseráveizinhos para que a auxiliassem num feitiço, a fim de retornarem o seu noivo. E assim ensaiaram palavras e actos mágicos para presentar a Lua posteriormente.
Fadigado de tanta indolência, iniciei com os perdidos um período de treinos físicos extenuantes, com fim de enrijecer as suas ténues carapaças. Os segundos, minutos e horas dançaram diante de mim. Foi então que coloquei as figuras perante mim dançando , em busca de lenha e de alimento para mais tarde. Findado isto, dei por mim a executar um acto que para mim se tornou rotineiro: fogo. Passaram-se apenas instantes até que as labaredas se tornaram fortes o suficiente para que pudéssemos nelas cozinhar.
A Lua brilhava já forte na companhia das estrelas quando iniciámos a nossa cerimónia mágica, com melodias e movimentos de teor mágico, a fim de amavelmente auxiliar , ainda que infrutiferamente, a Fantasma. A cerimónia deu lugar à sonolência, e vi-me obrigado a ceder espaço no Lar para que estes pernoitassem.
Puro espanto não serve para descrever o que encontrámos a flutuar na espuma - uma garrafa com uma mensagem no seu interior. Os miseráveis juntaram-se então a nós, propelidos pela Fantasma à sua frente; apenas para revelarem algo que notara assim que os meus negros olhos se pousaram sobre a mensagem: esta encontrava-se encriptada.

"Jack, não podes estar plenamente consciente!" - alertava-me o meu instinto de auto-preservação , vocalizado pelo Lua-Cheia.
Sabia o que
tinha que fazer.
Prontamente
deixei a trupe em segurança no Lar e parti em direcção a Oeste, a fim de me entrosar
com os canibais e revelar a mensagem que tanto me intrigou.
Espero que a próxima carta me encontre ainda vivo e inteiro.
Encontrarei a saída.
Jack, Capitão Jack."
Espero que a próxima carta me encontre ainda vivo e inteiro.
Encontrarei a saída.
Jack, Capitão Jack."